sábado, 18 de dezembro de 2010

Quem mais tem obrigação, não dá o exemplo

Lendo a edição do Jornal O Tempo de 4 de dezembro deste ano que finda de 2010, deparo-me com a seguinte manchete:

Alunos vão receber R$ 25 mil por expulsão de colégio

A notícia estava no caderno Cidades, e ocupou página inteira, provavelmente matéria paga, e vocês vão entender o porquê.

O Colégio é o Loyola, excelente colégio, de formação horizontal do aluno. Formação horizontal é dar educação formal, educação social, valores sociais e valores políticos até onde é possível e adequado. Ali não se admite, graças a Deus, bullying, desrespeito, intolerância e principalmente bagunça.

Ora, no ano de 2008, 8 alunos foram expulsos, de uma turba de baderneiros, não merecedores e nem dignos de terem frequentado tal escola. A maioria dos alunos, exectuando bolsistas, são oriundos de excelentes famílias de nossa sociedade, o melhor que tem, com recursos, oportunidades, visão e educação. Talvez até, entre eles, haja filhos de juízes e desembargadores. Será que isto teve alguma influência nesta sentença desastrosa ?

Os expulsos alegaram não ter tido direito de defesa. Que defesa poderiam ter ? Negar que estavam bêbados (ou trêbados: três vezes), negar que frequentaram a melhor escola de Belo Horizonte. negar que tiveram os professores mais bem pagos, negar que tinham meio de transporte privilegiado para chegar à escola, negar que se vestem bem, se alimentam bem, que tem excelentes oportunidades de conhecerem o mundo em que vivem ?!

Um aluno de escola boa não tem defesa quando mergulha na baderna, principalmente se for oriundo de uma escola que preza a formação religiosa e social do indivíduo. Sua defesa é não fazer bagunça.

E estes pais, o que dizer deles ? Passaram a mão na cabeça destes farristas. Tendo dinheiro, ao invés de colocar em alguma atividade que os recupere em sua sanha baderneira, gastaram o dinheiro com advogados, pelo seu orgulho. Estes filhos correm o risco de serem cidadãos tortos, com a noção de que sua vontade prevalece sobre a ordem, sobre as leis e sobre o bem comum.

E o juiz que deu a sentença ? Que absurdo ! Não mediu as consequências. Deu a estes alunos a noção de que o dinheiro resolve tudo, tirou a autoridade da escola, abriu um precedente perigoso para outras escolas, que vão ficar com medo de expulsar baderneiros, porque algum juiz vai falar que os alunos são uns pobres coitados. É um precedente tão grave quanto a omissão das autoridades no Rio de Janeiro que possibilitou a ascensão do poder do tráfico de drogas.

Espero que a escola recorra, e que estes alunos tenham um revés na vida, para aprenderem respeito, hierarquia e princípios de autoridade. Um dia eles passarão situação semelhante, só que do outro lado. Eles tentarão manter a ordem e serão injustiçados.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Avaliação própria - Corpo físico versus espírito

Na adolescência manifesta-se um fenômeno interessante no ser humano. Sendo, além de outras coisas, a fase de crescimento por excelência, o ser se olha no espelho e se vê grande, forte, pujante. Seus hormônios e um cérebro que ainda não se libertou completamente da fantasia pelo desligamento mais radical das conexões entre os dois hemisférios cerebrais o convencem de que ele é invencível. O medo ainda não foi fortalecido pelas várias experiências da maturidade. E o ser masculino, principalmente, quando influenciado acima de um nível por estas constatações, procura a superação sobre os demais machos de sua espécie.

E da necessidade de afirmação como macho, e nesta mistura de realidade e fantasia, ele pode procurar academias de artes marciais e fisiculturismo. Se o exercício surtir o efeito certo sobre sua mente, ele poderá ver que tal lhe traz saúde, bem-estar e amizades. Mas se seu objetivo permanecer no nível de afirmação e de superação sobre os machos, ele vai procurar confusão.

Por este contexto de coisas, o espírito do jovem deve ser preparado desde tenra idade, de que educação é mais importante, de que o corpo crescendo é um sinal da natureza de que a mente deve se preparar para que ele seja um adulto, de que não existem mais guerreiros da guerra, mas guerreiros da vida.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Violência e conflitos de autoridade

O indivíduo que não se sente seguro (segurado pelas mãos dos pais, segurado pela mão da babá, segurado pela mão da professora), ou pensa que pode fazer tudo porque nada o segura (1) ou pensa que não pode fazer nada (2), pois nunca sentiu segurança.

O tipo (1) é o que estamos abordando neste blog, como o candidato a violento. Sem rédeas, ele é um cavalo chucro, que escoicea e procura correr, não sabe bem prá onde, mas corre, até que algo o segure, alguém o dome, ou o mate.

Se você é um pai ou uma mãe, medite sobre o efeito profilático de segurar uma criança pela mão e ir conduzindo-a pela rua, fazendo a pausa para atravessar e ensinando-a a olhar para os dois lados antes e ao atravessar a via. Pense no efeito de pegá-la e segurá-la com as duas mãos para colocá-la sobre o burrinho que leva crianças para passear em seu lombo nos parques das cidades. Pense também no momento em que ela está doente ou com medo, e você pega em suas mãozinhas para lhe apoiar e ajudá-la a seguir. O ato de segurar a criança é que vai lhe dar a noção de segurança, tanto no ato quanto na linguística associada ao ato.

Se esta primeira noção for falha na criança, dificilmente se formará a idéia de segurado e de que existe alguém que a controla, e de este controlador é um tipo silencioso de autoridade (estou falando apenas do ato). E consoante com a "segurada", vem as exposições de que cuidados o pai ou a mãe estão tendo com ela, a criança. "Olhe, não faça isto", "cuidado com isso", "aquilo é perigoso".

Mas se o pai ou a mãe ou ambos nunca derem uma bronca com a voz um pouco mais alta e um pouco mais firme, como é que a criança e até moça ou rapaz vai suportar uma repreensão da professora. Existem nas escolas histórias de alunos suspensos por chamarem a professora de vaca. TUDO FRUTO DA MÁ FORMAÇÃO DO CONCEITO DE AUTORIDADE e da falha na intervenção para que o indivíduo se sinta SEGURADO. 

Eu quero é rápido

O ladrão e o homicida são preguiçosos por natureza. Um meliante das favelas (não são comunidades, são favelas mesmo) cariocas disse que conseguia em minutos, assaltando, o que o trabalhador demora um ano para adquirir. A preguiça e a ansiedade são parentes. O ansioso deseja reduzir a distância ao seu objetivo. Como em física a distância pode ser percorrida em mais ou menos tempo, dependendo da velocidade. Se queremos reduzir a distância, é porque desejaríamos percorrê-la no menor tempo possível ( e para isto foi inventado o automóvel e o avião). Estamos, portanto, indo mais rápido. Assim é o ansioso. Que as coisas cheguem rápido. Bobagem passar por tantas etapas.

O preguiçoso gosta da forma de raciocínio apresentada. Que venha rápido, pois ele é ansioso. E se ele for muito voluntarioso, ele se transformará num ladrão (conseguir o que quer rápido, tomando do primeiro que estiver na frente) ou assassino ( livrar-se de alguém que o impede de atingir o seu objetivo, e que, portanto, se configurou em obstáculo). Como o assassino transformou alguém (pessoa) em obstáculo (coisa) em sua mente, ele é um materialista, como a Medusa da mitologia grega, que transformava em pedra qualquer um que para ela olhasse.

O aluno psicopata, que mata o seu professor, quer chegar a uma nota melhor que zero sem ter que fazer a prova. Como o professor se transforma, para os preguiçosos, num obstáculo para a nota, ele apenas tira o obstáculo da frente, matando-o, pois a morte suprime do planeta aquele que morreu. É a forma rápida e burra, pois o objetivo não foi alcançado. O professor morto não mais consegue ler a prova e dar uma nota, pois morto está. O aluno será expulso da instituição e dificilmente poderá ingressar ou será aceito em outra escola, pois sua ficha ficou suja.

Ele veio do meu sangue

Como o Brasil tem apenas 500 anos de história, vindo de um colonialismo da pior espécie (o da exploração sem transferência de capital intelectual), aqui vigora muito o dizer que "eu quero um filho do meu sangue". Ora, nenhum trabalho científico provou vir a educação e muito menos a sabedoria de hemácias ou plaquetas. Filhos de sangue são, muitas vezes, de inclinações e comportamentos completamente distantes dos pais.

Mas o que estas pessoas não compreendem é que o sangue nada determina, pois se assim fosse, pais não abandonariam os filhos de sangue, presencialmente ou não. Se o raciocínio fosse o da adoção racional de quem se ama e se quer amar, melhor resultado a sociedade obteria. É preciso compreender que:

Nascemos entre "conhecidos" e depois vivemos com "estranhos"

O que significa isto ? Os conhecidos de nossa primeira fase da vida são os pais e irmãos, do tal "sangue" de que os ignorantes falam. Os estranhos são a nossa nova família, que acaba sendo a real: nossa esposa ou esposo e filhos. Estes nós quisemos ter. A tese do "sangue" vira justificativa para aqueles que se separam e rompem famílias, provocando mais doença social.

Mas o que tem a ver isto com violência escolar ?

Se escolho a racionalidade para encarar os vínculos sociais, vou considerar mais importante a sociedade e o "outro", e não o sangue, toda vez que este sangue (filho ou filha) ameaçar a sociedade, invocarei o Estado. Exercendo este modo de vida e pensamento, jamais permitirei que um filho meu ameace a sociedade, e evito as doenças sociais e suas desastrosas consequências, como a de alunos que ofendem ou matam professores, fato acontecido e notório no Instituto Izabela Hendrix.

O produto de "Ele veio do meu sangue" são pais orgulhosos e omissos. O filho pode ser o que for, mas é mais importante do que tudo. Este tipo de pais é também do grupo dos "doentes sociais". O filho é dele, um bem, e ninguém pode encostar a mão. Depois este tipo vai tomar calmante para dormir, depois que o filho fizer uma besteira que ele racionalmente poderia ter evitado.

O problema vem de berço social ou biológico

A violência nas escolas, em se tratando de jovens (e digo de 7 a 22 anos), vem de berço. Pode ser do berço Social ou do berço Biológico.

Iniciando pelo Biológico, os chamados e popularizados Bipolares, capaz de gestos agressivos inesperados, cabe a observação dos pais, pois observando ou se omitindo, a responsabilidade legal repousa sobre eles, e ponto final. Não tem "mas" nem "porém". Dizer que um pai ou uma mãe não sabia do problema do filho é uma bazófia e pobreza de mente sem precedentes.

E o Social, é sabido, vem da educação, não vem do dinheiro e nem da abastança. Os pais são os principais agentes, e se não estão aptos a cuidar de suas crianças (disse crianças e não filhos, pois filhos somente o são quando os pais literalmente os adotam como filhos), o Estado deve retirá-las daquilo que não se consolidou como berço. É obrigação do Estado, mediante denúncia, fazer isto para evitar a doença social do abandono em presença. É obrigação do vizinho (pois hoje vivemos muito agarrados uns aos outros), vendo a ausência presencial (os pais ali estão, como se não estivessem) denunciar ao poder público, senão um seu filho poderá ser vítima do desajustado.

Um outro derivado do berço social é o berço escolar. Quando se abandonou o hábito de denominar professores de mestres, realmente se fez porque os professores deixaram de sê-lo. De mestres de crianças e adolescentes passaram (em sua maioria) a mercenários que trabalham em troca de dinheiro (digo menos salário porque a inclinação atual é mesmo materialista). Um mestre complementa a educação social do lar, pois em tudo o que se manifesta o conhecimento transpira também ensinamentos filosóficos. Quando se fala em velocidade, pode-se dizer que está implícita a paciência ou a ansiedade, a primeira mais lenta, e a segunda mais rápida e que por um acaso não vai a lugar nenhum, pois em se antecipando provoca a truculência, as más ações e os desastres.